BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu, neste sábado (14), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para tratar do novo pacote de ajuste fiscal enviado pelo governo e recebido com críticas no Congresso Nacional. 

O encontro, no Palácio da Alvorada, também reuniu os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), além de líderes do governo nas duas Casas Legislativas e de parlamentares do centrão, como o deputado Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara.

A reunião convocada por Lula após uma das semanas mais difíceis do ano para o governo na Câmara. A Medida Provisória (MP) enviada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como alternativa ao reajuste do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), foi recebida com fortes críticas por bancadas do Centrão e da centro-direita.

A MP impõe o aumento de imposto para apostas esportivas, as chamadas bets, de 12% para 18%, além do fim da adoção de taxas mais altas para a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e o fim da isenção para Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), que pagarão 5% de Imposto de Renda (IR).

A reação negativa surpreendeu a equipe econômica do governo, que após ter acordado o pacote em uma reunião de líderes com a presença de Motta, na noite do último domingo (22), acreditava que as medidas seriam aprovadas sem grandes resistências. Hoje, parlamentares acreditam que a MP deve sofrer profundas alterações, correndo o risco até mesmo de ser rejeitada.

Hugo Motta marcou, ainda, a votação do pedido de urgência de um projeto para derrubar o que restou do aumento do IOF, em sessão prevista para a próxima segunda-feira (16). Contudo, governistas acreditam que apenas a urgência deve ser aprovada, sem análise do texto em si.

A principal crítica feita pelas bancadas críticas ao pacote é que o governo dá pouca prioridade à redução de despesas, enviando medidas com o foco no aumento da receita e elevação de taxas e impostos. Porém, nos bastidores, parte dos deputados também cobra por maior agilidade na liberação de emendas parlamentares.

Com a reunião deste sábado, Lula busca acalmar os ânimos no Legislativo para salvar pelo menos parte das propostas enviadas por Haddad. O presidente tenta, ainda, cumprir a promessa feita no início do ano de manter uma relação mais próxima com Motta e com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Desde o início do mandato, ele tem sido cobrado por uma atuação mais próxima na articulação política.

A postura também é mais um o de bancadas como PP, União Brasil e Republicanos rumo a um distanciamento ainda maior do governo Lula, mesmo possuindo cargos de primeiro escalão na Esplanada dos Ministérios, enquanto articulam candidaturas de oposição para 2026.